O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de 76 anos, viaja nesta segunda-feira (3/4), para Nova York, onde se apresentará à Justiça, amanhã (4/4), para ser formalmente acusado pelo suposto pagamento de suborno à atriz pornô Stormy Daniels.
Trump, que é pré-candidato à vaga do Partido Republicano na disputa pela Casa Branca, é o primeiro ex-presidente a ser denunciado criminalmente na história dos Estados Unidos.
O bilionário teria subornado Stormy Daniels com US$ 130 mil (cerca de R$ 660 mil), nas vésperas da eleição de 2016, para que ela não revelasse uma relação extraconjugal entre os dois, ocorrida em 2006. Na época, Trump já era casado com Melania. O caso pode resultar em multas ou em detenção.
Em Nova York, o clima é de tensão e o sistema de segurança da ilha foi reforçado. Cerca de 35 mil policiais armados foram disponibilizados para atuarem em toda a operação. Isso se dá porque as autoridades temem que apoiadores de Donald Trump criem agitações durante a estada do ex-presidente na cidade. Trump chegou a declarar que vai ser preso e convocou apoiadores para protestos e há o temor de que o bilionário tente utilizar a situação para impulsionar sua campanha para 2024.
O ex-presidente, inclusive, publicou o itinerário que fará amanhã em sua rede social própria, a Truth Social. Ele deixará sua casa no resort de Mar-a-Lago ao meio-dia (13h no horário de Brasília) desta segunda e irá até ao aeroporto de La Guardia, no distrito nova-iorquino do Queens, de onde decolará em jato particular. O empresário deve passar a noite na Trump Tower, seu prédio em Manhattan, onde se encontrará com seus advogados.
Trump deve chegar ao tribunal sob escolta de agentes do Serviço Secreto dos Estados Unidos. Em seguida, suas digitais serão colhidas e ele possivelmente será fotografado. As fotos geralmente não são divulgadas, mas, pelo perfil midiático do caso, isso pode acontecer. O ex-presidente não deve ser algemado e nem deve aguardar numa cela. A tendência é que ele fique à disposição numa sala de interrogação, até ser levado ao juiz.
Ainda não se sabe se a audiência será filmada. A tendência é que Trump se declare inocente das acusações e que deixe Nova York logo após os trâmites legais, voltando, em seguida, ao resort onde vive.
Problemas com a Justiça
A Justiça espera que Trump se apresente às 14h15 (15h15 de Brasília). A audiência será comandada pelo juiz Juan Merchan, que presidiu e condenou, no ano passado, a Organização Trump, empresa do ex-presidente, por fraude fiscal.
Este não é o único problema judicial que Donald Trump enfrenta nos Estados Unidos. O ex-presidente é alvo de dezenas de investigações, que incluem mais de 30 investigações e processos simultâneos por questões fiscais, criminais, de suposta fraude eleitoral e acusações de má conduta sexual.
São esses desdobramentos que devem definir o futuro de Trump, com possibilidade, inclusive, que ele vá para a cadeia, desde que seja indiciado por crimes mais graves, com provas substanciais.
A natureza dos crimes pelos quais Donald Trump é investigado devem ser divulgadas após ele se apresentar à Justiça. As investigações acontecem há quase cinco anos, sendo conduzidas pela polícia de Nova York.
Impactos para Trump
A situação de Trump perante a Justiça pode trazer diferentes consequências. Apesar de o caso ser uma situação sem precedentes na política americana, que enfraquece a imagem do ex-presidente junto à opinião pública, a tendência é que ele use o episódio para criar uma narrativa de perseguição política. Essa atuação tem como objetivo fortalecer as bases trumpistas, colocando o empresário e político como uma espécie de mártir perseguido e impedido de voltar ao poder.
A exposição midiática também interessa a Trump, que tem tido espaço e visibilidade após ter deixado a cadeira presidencial. A equipe dele anunciou que ainda na terça, às 20h15 (21h15 de Brasília), logo que voltar para o resort de Mar-a-Lago, o ex-presidente fará um pronunciamento.
Ele ainda irá usar a repercussão do caso para tentar fortalecer as bases dentro do Partido Republicano e montar uma frente unida contra o “sistema” que deseja combater a ideologia republicana. Isso se dá por Trump não ser o mais cotado, atualmente, para entrar na corrida presidencial pela legenda.
De acordo com uma pesquisa da Fox News divulgada na última quinta-feira (30/3), Donald Trump tem, hoje, o apoio de 54% dos eleitores republicanos para as primárias, contra 24% do seu antigo aliado e hoje rival Ron DeSantis, governador da Flórida. A margem da vantagem dobrou de fevereiro para cá.