Acusado pela Promotoria italiana de executar atentados na década de 1990, Denaro é apontado como um dos três principais líderes do Cosa Nostra, o maior grupo mafioso da Itália, e ficou foragido por mais de 30 anos até ser preso enquanto tratava um câncer. Ele morreu nesta segunda-feira (25).
A crueldade com as vítimas era uma das principais características do chefe da máfia italiana Matteo Messina Denaro, condenado a 20 prisões perpétuas e que morreu nesta segunda-feira (25) enquanto tratava um câncer no cólon.
Apelidado de “o último poderoso chefão”, Denaro é apontado pela Promotoria da Itália como um dos três principais chefes do Cosa Nostra, a maior organização criminosa da Europa e uma das maiores do mundo, servindo de inspiração para a história do filme “O Poderoso Chefão”.
Segundo as investigações, Denaro, de 61 anos, costumava torturar prisioneiros da máfia e se vangloriava de “encher um cemitério inteiro”. Em um dos casos, ele mandou matar com ácido o filho de um membro da Cosa Nostra que se arrependeu e deixou o grupo.
Embora oficialmente declarasse trabalhar no campo, Messina Denaro entrou na Cosa Nostra por conta de seu pai, que também foi um importante chefe da máfia na Sicília.
Ele assumiu a chefia do grupo ao substituir Salvator Riina, também conhecido como Totò Riina, que foi preso há exatos 30 anos e morreu na cadeira, em 2017. Na ocasião, a polícia também passou a procurar por Denaro, que entrou na clandestinidade.
O mafioso conseguiu se esconder por tanto tempo graças a uma forte rede de apoio da Cosa Nostra que inclui contratos de confidencialidade com outros mafiosos e seus parentes em uma espécie de “código de silêncio”.
Foi essa rede, segundo a Promotoria italiana, que garantia diferentes esconderijos a Denaro, além de lhe fornecer comida, roupas limpas e comunicação.
Messina Denaro tinha uma base de poder na cidade portuária de Trapani, no oeste da Sicília.
Atentados

Denaro é acusado de uma ser responsável direta ou indiretamente por uma série de assassinatos ao longo da década de 1990. Ele foi sentenciado a prisão perpétua por seu papel em ataques a bomba em Florença, Roma e Milão, que mataram dez pessoas.
O mafioso também é apontado pela Promotoria italiana como o autor de dois atentados a bomba na Sicília, em 1992. Nos atos, os principais promotores que investigavam a máfia à época, Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, foram mortos.
Ele também é acusado de ter ajudado a organizar o sequestro de Giuseppe di Matteo, de 12 anos, para fazer com que o pai do garoto não depusesse contra a máfia. O menino ficou nas mãos da máfia por dois anos e depois foi assassinado.
Messina Denaro foi preso no agosto passado em uma clínica particular em Palermo, na capital da Sicília, enquanto fazia um tratamento para melhorar do câncer.
De acordo com registros médicos vazados para a mídia italiana, ele foi submetido a uma cirurgia para câncer de cólon em 2020 e 2022 com nome falso.
Espera-se que seu corpo seja devolvido à Sicília nos próximos dias para um funeral privado, disse um funcionário do governo para a agência de notícias Reuters.

Fonte: g1.globo.com