As brasileiras Daniela de Oliveira e Alice Andrade Ribeiro Gonçalves, de 26 anos, estão sem conseguir sair da pequena cidade Andahuaylas, que fica no interior do Peru, após protestos contra a presidente Dina Boluarte fecharem as estradas e suspenderem todos os transportes.
Com barricadas pelas vias, comércios fechados e dinheiro acabando, as paulistanas pedem para que a Embaixada do Brasil possa resgatá-las do local para que consigam retornar a São Paulo.
A reportagem entrou em contato com o Itamaraty, mas não obteve retorno até a publicação.
“Fomos surpreendidas por essa situação política. Todas as estradas bloqueadas, todos os mercados estão fechados, como todos os restaurantes. Existe polícia com aval para atirar na rua. Situação é de medo e preocupação. Só queremos ir para a casa. Por via terrestre não tem como. Teria que nos resgatar com helicóptero para sair daqui. Se formos levadas para Lima ou até para a Bolívia, já íamos conseguir ir até o aeroporto e tentar voltar para o Brasil”, afirmam.
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Daniela e Alice chegaram dia 4 de janeiro no Peru, mas protestos impedem o retorno ao Brasil — Foto: Arquivo Pessoal
As manifestações estão acontecendo principalmente em cidades turísticas como Lima, Cusco, Arequipa e Puno. Os atos pedem novas eleições no país e a renúncia de Boluarte, que assumiu o poder após o ex-presidente Pedro Castillo ser preso por tentar um golpe de estado. Segundo registros oficiais, 48 pessoas já morreram.
As jovens contam que planejavam fazer mochilão pelo Peru e Bolívia durante o mês de janeiro. No dia 4 de janeiro as duas desembarcaram em Lima e tinham como plano ir para Machu Picchu, em Cusco, no dia 16. Depois, seguiriam para a Bolívia.
“Fomos forçadas a mudar nossa rota de Lima a Paracas ou qualquer outra cidade da província de Ica devido às greves. Fomos no dia 7 de janeiro para Ayacucho, um dos únicos destinos possíveis que se aproximavam do nosso destino real que era Cusco, para fugir desses atos. No entanto, Cusco se tornou um dos lugares mais afetados, além de ter sua principal atração, Machu Picchu, fechada”, diz Daniele
Brasileiras no Peru mostram comércios fechados e barricadas durante manifestação
Daniela e Alice resolveram então, no dia 9 de janeiro, pegar uma van com peruanos que estava indo até Chincheros como forma de se afastar das áreas com manifestações.
“Mas em Chincheros encontramos a primeira barricada deixada pelos manifestantes e tivemos que fazer o restante do caminho a pé até Uripa. No dia 10 de janeiro, caminhamos de novo por 12 horas, com mochilas de 15 quilos cada, e chegamos onde estamos agora, em Andahuaylas. Decidimos vir pra cá ainda na esperança de chegar a Cusco, mas os atos vieram na mesma direção”, conta Daniela.
Ajuda
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Manifestante fala com policiais em protesto em Lima, no Peru, em 12 de janeiro de 2023. — Foto: Sebastian Castañeda/ Reuters
As paulistanas dizem que receberam assistência do setor de turismo da cidade, do governo peruano, e estão em um hostel sem custo. Porém, a situação de atos violentos pelo país tem causado medo e elas pedem ajuda para a Embaixada do Brasil no Peru.
“Nossa passagem de volta está agendada para o dia 30 e ainda com saída na Bolívia. Mas queremos sair daqui o quanto antes. Planejamos essa viagem por um ano, mas o sonho se tornou pesadelo”.