O reconhecimento é uma “necessidade para alcançar a paz” entre israelenses e palestinos
Espanha, Irlanda e Noruega oficializam nesta terça-feira (28) o reconhecimento da Palestina como Estado, uma decisão que provocou a indignação de Israel, que acusou o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, de ser “cúmplice de incitação ao assassinato do povo judeu”.
O reconhecimento é uma “necessidade para alcançar a paz” entre israelenses e palestinos, além de ser “uma questão de justiça histórica” para o povo palestino, afirmou Sánchez em um breve discurso em espanhol e inglês.
A decisão não é adotada “contra ninguém, muito menos contra Israel, um povo amigo (…) com o qual queremos ter a melhor relação possível”, afirmou. O reconhecimento do Estado Palestino reflete a “rejeição frontal, retumbante, ao Hamas, que é contra a solução de dois Estados”, acrescentou.
Em uma mensagem publicada em espanhol na rede social X, o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, acusou a Sánchez de ser “cúmplice de incitação ao assassinato do povo judeu” com o reconhecimento da Palestina como Estado e a manutenção em seu cargo de Yolanda Díaz, número três do governo, que afirmou recentemente que a “Palestina será livre do rio até o mar”.
A frase faz referência às fronteiras da Palestina sob mandato britânico, que seguia do rio Jordão até o Mar Mediterrâneo, antes da criação do Estado de Israel em 1948.
Os críticos, em particular o governo israelense, a interpretam com um apoio à eliminação de Israel.
Anunciado na quarta-feira da semana passada, de forma coordenada por Sánchez e seus homólogos da Irlanda e Noruega, o reconhecimento do palestino será oficializado ao longo do dia.
Uma reunião do Conselho de Ministros espanhol aprovará formalmente o decreto. O governo irlandês também deve se reunir durante a manhã, enquanto a Noruega entregou no domingo uma nota verbal ao primeiro-ministro palestino, Mohamed Mustafa, para anunciar que a decisão entraria em vigor nesta terça-feira.
Os três países europeus – embora a Noruega não integre a UE – querem que a iniciativa de grande significado simbólico estimule outros Estados a seguir seus passos.
Noruega e Espanha desempenharam um papel importante no processo de paz dos anos 1990 no Oriente Médio. Madri foi sede de uma conferência de paz árabe-israelense em 1991, que abriu o caminho para os Acordos de Oslo de 1993.
Divisão na UE
O reconhecimento da Palestina como Estado, passo que pode ser anunciado pela Eslovênia em breve, provoca divisão dentro da UE.
Para a França, por exemplo, não é um bom momento para adotar a medida, enquanto a Alemanha consideraria dar este passo como resultado de negociações diretas entre as partes em conflito.
Com Espanha, Irlanda e Noruega, o Estado da Palestina passa a ser reconhecido por 145 países dos 193 Estados-membros da ONU.