De chuveiro quente ao aeroporto: as criações de Santos Dumont além do avião

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Se o pai Henrique tinha os pés firmes nos trilhos que ajudaria a construir a Ferrovia Dom Pedro II, em Minas Gerais, o filho Alberto tinha a cabeça nas alturas.

Em comemoração aos 150 anos de nascimento do “pai da aviação” (chorem, irmãos Wright), Nossa relembra alguma das invenções que saíram da cabeça geniosa (e estudiosa) de Alberto Santos Dumont.

Ou você estava achando que Petit Santôs, como o aeronauta ficou conhecido na França, se contentou apenas em criar uma engenhoca mais pesada que o ar?

De hangar a relógio de pulso; da criação do termo ‘aeroporto’ a motor portátil para alpinistas, tudo foram invenções desse fã da literatura fantasiosa de Júlio Verne, “vidente da locomoção aérea e submarina”, como o brasileiro descreveu o autor de “Viagem ao Centro da Terra” e de “A Volta ao Mundo em 80 Dias”

Dinheiro e patentes não eram preocupações, por isso, esse inventor brasileiro era conhecido por divulgar publicamente seus projetos e por nunca ter patenteado suas invenções.

Há mais de um século, Dumont já era ‘creative commons’ e suas invenções, um código aberto. Seu ‘Demoiselle’, o pequeno avião que mais parecia um triciclo de asas, por exemplo, teve seus dados técnicos publicados em jornais da Europa, EUA e Argentina.

Confira invenções curiosas desse mineiro de Palmira, município conhecido hoje como Santos Dumont, a pouco mais de 200 quilômetros de Belo Horizonte.

O menor balão do mundo

Aos 25 anos de idade, Dumont estreava no mundo das invenções com seu balão-livre ‘Brasil’, a única a receber nome no lugar de números.

Embora balões tripulados já não fossem novidades há mais de um século, Dumont inovou trocando a seda chinesa por um modelo japonês mais leve e resistente.

De acordo com o pesquisador Fernando Hippólyto da Costa, autor de ‘Alberto Santos Dumont: o Pai da Aviação’ (ed. ADLER), o mineiro carregava o balão dentro de uma male-ta por conta das “proporções diminutas e de pouco peso”.

Numa época em que balões tinham entre 500 e 2 mil m³, a invenção de Dumont surgiu com discretos 113 m³ de dimensão.

1º hangar do mundo

Para que serviria dominar os céus se não tinha onde guardar suas próprias invenções?

Dumont é conhecido como o criador da “garagem aérea” para evitar assim os altos gastos com hidrogênio de seus balões, que precisavam ser esvaziados após cada voo, e para que o brasileiro pudesse decolar quando bem entendesse.

Em junho de 1900, Dumont concluía a construção do primeiro hangar do mundo, um galpão de madeira com 30 metros de comprimento, 11 metros de altura e 7 metros de largura na base, em St. Cloud, em Paris.

Em 1902 e 1903, Mônaco e a francesa Neuilly veriam Dumont erguer outros dois hangares, com portas rolantes e até 15 metros de altura.

O brasileiro mais alto que as nuvens

Sem dúvida, o 14-Bis é a invenção mais conhecida de Santos Dumont.

Foi com esse avião com 12 metros de envergadura e em forma de T que, em 23 de outubro de 1906, Dumont paralisou milhares de pessoas no Campo de Bagatelle, em Paris, ao realizar um sobrevoo de 60 metros de distância, a dois metros do chão.

Mas de que adiantava ter aviões se não tinha lugar para pousar?

E lá vem Petit Santôs com mais uma das dele.

Segundo o pesquisador Alcy Cheuiche, biógrafo do aviador, foi num encontro entre Dumont e Thomas Edison, em Nova Jersey (EUA), em 1902, que o brasileiro teria criado a palavra ‘aeroporto’, jurando que esse tipo de serviço estaria disponível em todo o mundo e que, “sem dúvida, o maior deles seria o de Nova York”.

Relógio de pulso

Como chegou a ser publicado em um jornal do Reino Unido, “em 1904, havia apenas um relógio de pulso em todo o mundo”. E adivinha quem era o dono?

Sempre atento aos comandos de voo, Dumont se incomodava com a perda de tempo e atenção na hora de consultar seu relógio de bolso e, em certa ocasião, sugeriu ao amigo Louis Cartier “um relógio que pudesse ficar preso no pulso”.

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