Montante gasto com armas e efetivo é o maior no continente desde 1989, segundo estudo sueco.
Os gastos militares na Europa dispararam em 2022 após a invasão russa da Ucrânia e atingiram seu nível mais alto desde o fim da Guerra Fria, de acordo com um estudo publicado nesta segunda-feira (24) pelo Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês).
No ano marcado pela invasão da Ucrânia pela Rússia, os países europeus gastaram, em média, descontando a inflação, 13% a mais em seus exércitos do que em 2021.
Os gastos militares no continente chegaram a US$ 480 bilhões (R$ 2,42 trilhões) em 2022. A tendência dessas despesas, na última década, foi de alta e espera-se que continue a trajetória de forma acelerada nos próximos anos.
Com o aumento dos gastos europeus, a despesa militar mundial alcançou valores recordes em 2022: US$ 2,24 trilhões (cerca de R$ 11,31 trilhões), o equivalente a 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta, foram dedicados exclusivamente à Defesa dos países.
Além do conflito ucraniano, as “tensões cada vez mais graves no leste da Ásia entre Estados Unidos e China” foram também uma razão, afirmou o pesquisador Nan Tian, um dos autores do estudo.
Mesmo nível da Guerra Fria
Este é o maior crescimento de gastos militares em mais de 30 anos. Se o valor total for calculado descontando o efeito da inflação, os governos alcançaram o mesmo nível dos gastos de 1989, ano em que caiu o Muro de Berlim.
“Na Europa, [os gastos militares] estão no seu nível mais alto desde o fim da Guerra Fria”, enfatizou Tian.
As despesas aumentaram mais significativamente, como esperado, nos dois países ligados diretamente no conflito. No caso da Ucrânia, os gastos aumentaram sete vezes, para US$ 44 bilhões (R$ 222,18 bilhões), um terço de seu PIB.
Tropas francesas em Mali, no norte da África, em junho de 2021. — Foto: Jerome Delay/ AP
Os pesquisadores do Sipri enfatizam, no entanto, que este valor não inclui os bilhões de dólares em armas recebidas por doações estrangeiras.
De acordo com estimativas, a Rússia ampliou seus gastos militares em 9,2% no ano passado.
Mas mesmo excluídos os dois países, as outras nações do continente europeu tiveram crescimento significativo no orçamento militar, indica o especialista.
Na Europa, quem mais gasta é o Reino Unido, que ocupa o sexto lugar mundial (3,1%), à frente da Alemanha (2,5%) e da França (2,4%).
EUA e China somam metade dos gastos mundiais
Os Estados Unidos são de longe o país com o maior investimento militar: em 2022, representou 39% dos gastos globais. Em segundo lugar aparece a China, com 13% dos gastos mundiais. Isso significa que os dois países representam mais da metade dos fundos destinados a atividades militares em todo o mundo.
A Rússia soma 3,9% das despesas militares, a Índia, 3,6%, e a Arábia Saudita soma 3,3% dos gastos globais.
“A China tem investido cada vez mais em suas forças navais como uma forma de ampliar seu alcance em relação a Taiwan, é claro, e depois além do Mar do Sul da China”, disse Tian.
A tendência de aumentar os gastos de defesa também pode ser observada em outros países da região, como Japão, Indonésia, Malásia, Vietnã e Austrália.
Nesta segunda, um relatório do governo australiano apontou que o país deve dar nos próximos anos maior prioridade à produção de mísseis de precisão de longo alcance. O documento indica que os Estados Unidos não são mais o “único líder do Indo-Pacífico”.