Israel divulga vídeo para afirmar que não foi responsável por ataque a hospital em Gaza

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O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, afirmou que centenas de pessoas morreram em um ataque ao hospital Ahli Arab, na cidade de Gaza.

As Forças de Defesa de Israel divulgaram um vídeo para afirmar que o país não foi o responsável pela explosão que atingiu o hospital Ahli Arab, na cidade de Gaza, na Faixa de Gaza, nesta terça-feira (17).

O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas afirmou que centenas de pessoas morreram em um ataque ao hospital. O Hamas afirma que os israelenses foram responsáveis pela explosão.

Em uma entrevista coletiva pela internet, Daniel Hagari, um porta-voz das Forças de Defesa de Israel disse que o foguete que atingiu o hospital, pela forma como explodiu, não poderia fazer parte do arsenal de Israel e que, no momento do ataque, não havia nenhuma operação militar israelense em curso com alvos naquela região.

As forças israelenses divulgaram imagens em que um ponto de luz — que seria um foguete da Jihad Islâmica — perde altitude repentinamente (veja o vídeo acima).

Antes de divulgar as imagens, as forças de Israel já haviam divulgado um comunicado no qual afirmam que hospitais não são alvos deles. Os israelenses afirmaram que a Jihad Islâmica foi quem atacou o hospital.

Segundo o governo de Israel, desde o dia 7 de outubro, cerca de 450 foguetes que foram disparados a partir da Faixa de Gaza contra Israel caíram dentro do território palestino. Veja mais abaixo a nota das autoridades israelenses.

Vídeo despublicado

O governo de Israel publicou e, em seguida, despublicou em suas redes sociais um outro vídeo do que seria o momento do ataque ao hospital na Faixa de Gaza.

A imagem mostra o lançamento de uma série de foguetes e foi exibida pelas agências internacionais e pelo Jornal Nacional, citando como fonte o governo de Israel.

O vídeo foi retirado das redes sociais do país momentos depois, quando um repórter do jornal “The New York Times” alertou para a diferença do horário do ataque ao hospital e da hora registrada nas imagens.

O jornalista observou que o horário da explosão teria sido pelo menos 40 minutos antes do que estava no vídeo.

Já o vídeo distribuído pela Al-Jazeera, que foi publicado pelas Forças de Defesa de Israel e que pode ser assistido no topo desta reportagem do g1, mostra o momento em que um ponto de luz — que seria um foguete da Jihad Islâmica — perde altitude repentinamente.

Segundo Israel, o foguete falha, cai e explode às 18h59, pelo horário local.

Ainda segundo as forças israelenses, foi no mesmo momento em que o hospital era atingido. Este vídeo, também mostrado pelo Jornal Nacional, continua online nas contas da Defesa de Israel.

O governo de Israel ainda não deu justificativas por que apagou o primeiro vídeo.

Ao ser questionado pela revista americana “Newsweek”, o Exército israelense disse que nada foi publicado por eles sem ter sido verificado e disse que não pode comentar o que foi publicado por outras áreas do governo.

Nota das autoridades israelenses

“A partir da análise dos sistemas operacionais das Forças de Defesa de Israel, foi lançada uma barragem de foguetes inimigos em direção a Israel que passou nas proximidades do hospital, quando este foi atingido. De acordo com informações de inteligência, de diversas fontes de que dispomos, a organização Jihad Islâmica Palestina (JIP) é responsável pelo lançamento fracassado que atingiu o hospital.”

O porta-voz da Jihad Islâmica nega que eles sejam os responsáveis pela explosão do hospital em Gaza.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que “terroristas selvagens atacaram o hospital em Gaza, e não as Forças de Defesa de Israel”.

O que é a Jihad Islâmica

A Jihad Islâmica é um grupo terrorista ligado ao Hamas. A Jihad foi fundada na década de 1980, no Egito por estudantes universitários de Gaza. É considerado um grupo terrorista também pelos Estados Unidos, União Europeia e Israel. Ao longo do tempo, assumiu ataques suicidas e terroristas e não reconhecem a existência do Estado Israelense. No ataque do dia 7 de outubro, uniu-se à ação do Hamas.

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Número de mortos

O próprio Ministério da Saúde de Gaza deu informações divergentes sobre a quantidade de vítimas:

  • Inicialmente, o órgão publicou um comunicado afirmando que 200 pessoas morreram no bombardeio.
  • Em um segundo momento, o porta-voz do ministério, Ashraf al-Qidra deu uma entrevista a uma TV e disse que o total de vítimas chegava a 500.
  • Já um porta-voz da Defesa Civil de Gaza afirmou que havia 300 mortos. O chefe do órgão disse que as equipes ficaram sobrecarregadas e não conseguiram atender adequadamente aos chamados de emergência.
  • Posteriormente, o Ministério da Saúde de Gaza informou, no Telegram, que havia centenas de pessoas mortas, e não 500.
  • Muhammad Abu Salima, diretor de um outro hospital na cidade de Gaza para o qual muitos dos feridos foram levados, afirmou ao “New York Times” que é difícil estimar a dimensão das explosões, mas que entre mortos e feridos há mais de 500 pessoas. Segundo ele, pedaços de corpos se misturaram no local.

Tanto o Ministério de Saúde quanto a Defesa Civil de Gaza são controlados pelo Hamas. Em um comunicado, o grupo terrorista citou centenas de vítimas sob os escombros. O hospital Ahli Arab, administrado pela Igreja Anglicana, abrigava muitos civis de Gaza que não tinham onde dormir. No sábado (14), o edifício já tinha sido atingido por foguetes.

De acordo com as Convenções de Genebra, ataques a hospitais são considerados crimes de guerra.

Autoridade Palestina decreta luto

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, decretou três dias de luto pelo ataque ao hospital. Para a Autoridade Palestina, o ataque ao hospital foi um massacre.

A Autoridade Palestina é um grupo adversário do Hamas e não tem poder político na Faixa de Gaza.

O contexto da guerra entre Israel e o Hamas

No dia 7 de outubro, o grupo terrorista Hamas disparou centenas de foguetes contra Israel a partir da Faixa de Gaza. Em seguida, combatentes do Hamas invadiram o território israelense e mataram civis e militares israelenses.

As forças israelenses não estavam preparadas para responder ao ataque. O governo de Israel declarou guerra ao Hamas no mesmo dia. Desde então, morreram 1.400 pessoas em Israel e cerca de 3.000 na Faixa de Gaza.

Relembre como foi o ataque a Israel

▶️ Como foi o ataque? As ações do Hamas no último sábado (7) se concentraram perto da fronteira da Faixa Gaza, de onde Hamas lançou 5 mil foguetes.

Por terra, ar e mar, com motos e parapentes, homens armados invadiram o território israelense pelo sul do país.

Houve relatos de que os invasores atiraram em pessoas que estavam nas ruas e sequestraram dezenas de israelenses (incluindo mulheres e crianças), levados como reféns para Gaza.

▶️ Como foi a resposta de Israel? Diante da ofensiva do Hamas, o governo israelense iniciou uma retaliação.

“Estamos em guerra e vamos ganhar”, disse o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, logo após o ataque. “O nosso inimigo pagará um preço que nunca conheceu.”

Ainda em 7 de outubro, Israel lançou bombas em direção à Faixa de Gaza.

▶️ O que é e onde fica Faixa de Gaza? É o território palestino localizado em um estreito pedaço de terra na costa oeste de Israel, na fronteira com o Egito.

Marcado por pobreza e superpopulação, tem 2 milhões de habitantes morando em um território de 360 km².

Para se ter uma ideia desse tamanho em comparação com cidades brasileiras, o território é um pouco maior que o da cidade de Fortaleza (312,4 km²) e menor que o de Curitiba (434,8 km²).

Tomada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e entregue aos palestinos em 2005, Gaza vive um bloqueio de bens e serviços imposto por seus vizinhos de fronteira.

▶️ Qual é o histórico do conflito na região? A disputa entre Israel e Palestina se estende há décadas e já resultou em inúmeros enfrentamentos armados e mortes.

Em sua forma moderna, remonta a 1947, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, na Palestina, sob mandato britânico.

Ataque a hospital em Gaza mata centenas — Foto: Arte/g1

Ataque a hospital em Gaza mata centenas — Foto: Arte/g1

Fonte: g1.globo.com

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